quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Descendência do Asé (parte II)

Tudo começou com a chegada ao Brasil da Africana Gaiaku Rosena, vinda de Aladá, no Benim. Esta fundou o Kwe Kpodabá, a primeira casa Fon no Rio de Janeiro, que iniciou poucas pessoas. Ontinha de Oyà (Oyà Devodê) era filha de Gaiaku Rosena, continuou no Rio de Janeiro em 1851 o Kwe Kpodaba no bairro da Saúde, que foi herdado por sua filha Mejitó Adelaide São Martinho do Espírito Santo, também conhecida como a Sabidinha, por ter um vasto conhecimento religioso, que transferiu a casa de santo para o bairro Coelho da Rocha. Era iniciada de Vodum Ijó e iniciou somente cinco pessoas dentre elas a Sra Natalina de Aziri. O Kwe Kpodabá é a casa matriz, mas deixou ramificações, como o Kwe Sinfá (casa das Águas do destino). O Kwe Sinfá foi fundado em 1952 por Natalina de Osun, assistida por sua “Mãe”, a Mejitó Adelaide Santos de Vodunjó. O primeiro endereço foi na Rua Ana 234, em Agostinho Porto, Baixada Fluminense. Em Agostinho Porto , São João de Meriti , Rio de Janeiro que iniciou algumas pessoas, dentre elas podemos destacar o Sr Rui de Olissá (Pai Rui de Osaguian) que foi o primeiro filho de Yá Natalina de Osun a abrir sua própria roça onde fez várias iniciações levando o Kwe Sinfá para Brasília e Manaus. Atualmente 0 Kwe Sinfá foi reinaugurado em 1995, sob o comando da Mejitó Helena de Dan, que tem aprofundado a relação da Casa com o culto de Fá.

Descendência do Asé

O "Asé Yangba Oloroke ti Efon” ou simplesmente como é chamado o Terreiro do Oloroke Salvador – Bahia. Em primeiro lugar vamos à origem na África, mais exatamente em Ekiti-Efon onde reina absoluta aquela que é a rainha da nação no Brasil, Efon, ou seja, Osun, companheira inseparável de Oloroke, que é seu pai, ficando assim esclarecido o porque da casa chamar-se terreiro do Oloroke e Osun ser a dona do Asé, sendo ele louvado juntamente com Osun nos nossos principais ritos. Foi desta localidade, que veio para o Brasil na condição de escravos por volta de 1850 o fundador da nação no Brasil, um africano chamado José Firmino dos Santos mais conhecido como Tio Firmo (Oxum Tadê) que veio da região de Ijesá. Foi iniciado para Oxum e na cidade de Ifon que ele se iniciou em Ifá e recebeu o nome de Baba Erufá. Juntamente com ele, veio uma princesa do Ekiti-Efon de nome Maria da Paixão (Adebolu), mais conhecida como Maria Violão. Trouxe como orixá particular rei da nação Olorokê (aquele que é cultuado no alto). Adebolu, seu nome, significa “a coroa que cobre a terra”, símbolo real por excelência. Por volta de 1860, Tio Firmo e Maria Bernarda fundam o Asé Oloroke no engenho velho de Brotas, onde encontra-se até hoje plantando ali o Asé de Osun e com isto além de fundar uma casa fundam também a Nação Efon no Brasil. Mais tarde tio Firmo passa a viver maritalmente com Maria Bernarda da Paixão e passam a dividir as funções do Asé. Acredita-se que nesta época ambos já eram libertos. Os Igbas ou assentamentos dos orixás foram trazidos da África e estão até à presente data preservados no Ilé. Lá se encontram a Osun de Tio Firmo e o Oloke de Maria Bernarda, dentre outros. Apesar da libertação dos escravos a perseguição a cultos Afros foi intensa e conta-se que Tio Firmo foi preso por várias vezes. A árvore do Iroko, um dos símbolos da casa, foi plantada após a libertação dos escravos, bem no final do século XIX. Tio firmo vindo a falecer por volta de 1905, fica a frente do Asé Maria da Paixão (Adebolu). Maria Violão iniciou várias pessoas entre os quais podemos citar Mãe Milu que foi a Ya kekere do Asé, Matilde de Jagun (Baba Oluwa), sua sucessora e terceira mãe da casa, Cristóvão Lopes dos Anjos ou Cristovão do Pantanal (Ogun Anauegi) , Celina de Yemonja (esposa de Cristóvão), Paulo de Sango (Paulo do Brongo) filho carnal de Mãe Milu, Crispina de Ogun, a quinta pessoa a governar o Asé, e muitos outros. No dia 4 de outubro de 1936 morre Maria Bernarda da Paixão aos 94 anos de idade. Após muitas divergências assume a casa Matilde de Jagun, Baba Oluwa, que fez muitos yawo entre os quais Noélia de Osun e Emiliana também de Osun. Matilde tinha vontade que Waldomiro de Xangô(Obálokitiassi) feito na casa por Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi) e que tomou 7 anos com ela assumisse o Asé após seu falecimento. Mãe Matilde vem a falecer no dia 30 de outubro de 1970 aos 67 anos de idade. Paulo Soares de Oliveira mais conhecido como Paulo do Brongo iniciado no Asé Yangba Oloroke ti Efon abriu seu próprio Asé chamado Ile Gêge Dahomé Iburaci situada em Valéria, em 1926. Paulo do Brongo iniciou várias pessoas, dentre elas o baiano Zelito de Ogun Xoroquê. Este iniciou várias pessoas em Salvador e Brasília. Vale ressaltar, que em 1969, Paulo do Brongo iniciou Joberval para Lissa (Oxalá), com o cargo de Pejigan de heiviossô (Xangô). Com o falecimento de seu pai, em 1985, o Pai Joberval de Oxalá assume a casa por um período de 25 anos.